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Por Marcelo Kawanami, Regional Head of Consulting, Americas, GlobalData

Globalmente conhecido como “Country Digital Acceleration”, ou simplesmente CDA, o novo programa da Cisco possui um ambicioso plano para alavancar a inclusão digital no Brasil em diferentes setores, através de projetos que apresentarão resultados no curto prazo em áreas como educação, gestão pública, saúde e segurança.

No dia 27 de maio, a Cisco Brasil anunciou oficialmente o lançamento do programa Country Digital Acceleration (CDA), que agora já está presente em 34 países ao redor do mundo. Aqui no Brasil, o programa foi batizado de “Brasil Digital e Inclusivo”, e tem como objetivo acelerar a transformação digital do país, a partir de parcerias com o setor público, indústria e academia. Como parte do CDA, a Cisco assinou um acordo de entendimento com o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) para impulsionar o desenvolvimento de habilidades e transformação digital no Brasil.

Durante a apresentação do programa, a palavra transparência me chamou a atenção e é, na minha opinião, chave nesta parceria entre a Cisco e o MCTIC. É através de um programa que foca no desenvolvimento social e econômico do país, de forma transparente, que a Cisco pretende acelerar a digitalização no Brasil, e com isso impactar positivamente setores como educação, saúde e segurança. Para que isso ocorra, ampliar a infraestrutura digital do país se torna essencial. Nos últimos anos, o Brasil apresentou importantes avanços na inclusão digital: de acordo com a GlobalData, aproximadamente 35% das residências brasileiras possuem acesso a banda larga fixa, um aumento de 4,1 pontos percentuais quando comparamos ao índice de penetração de 2017. Na parte móvel, quase 74% das conexões no final de 2019 já eram 4G, e este percentual vai saltar para 93% em 2023, com 5G representando quase 2% das conexões totais no país. Porém, ainda há muito trabalho a ser realizado – a penetração residencial de banda larga fixa no Brasil está abaixo da média da América Latina, e atrás de países como Argentina, Costa Rica e México, onde todos apresentam índice de penetração de mais de 50% . Na parte móvel, apesar do Brasil estar a frente da média da região nos principais indicadores de desenvolvimento, estamos atrás do Chile e Uruguai na penetração de 4G e nas expectativas de crescimento em 5G nos próximos anos.

Como podemos observar, os dados da GlobalData mostram que fizemos grandes avanços na inclusão digital e na plataforma tecnológica do nosso país, mas ainda temos muito para melhorar, inclusive para acompanharmos o desenvolvimento de outros países vizinhos da região . Para este desenvolvimento ocorrer, é necessário uma série de fatores como leis que incentivem investimentos privados permitindo assim uma expansão da nossa rede de telecomunicações, recursos financeiros, capacidade intelectual e capital humano. E como base de todos estes fatores, a transparência na gestão de recursos e projetos envolvendo todos os participantes, tanto da iniciativa privada quanto pública, é de extrema importância para o sucesso do programa no Brasil.

Dentre os diferentes projetos, cibersegurança também será um foco do programa, uma vez que a preocupação com ameaças e ataques cibernéticos é uma barreira na adoção de novas tecnologias. Uma pesquisa recente realizada pela GlobalData com empresas na América Latina comprova este fato: quando perguntamos quais os principais desafios enfrentados pelas empresas na operação de cibersegurança, quase 40% dos entrevistados mencionaram o impacto que a adoção de novas tecnologias (como cloud computing, IoT, SD-WAN, entre outros) causa nos processos e negócios. Esta mesma pesquisa também apontou que erro humano e falta de conhecimento e treinamento dos funcionários são os principais riscos para a segurança da TI das empresas. Este último fator, relacionado à falta de conhecimento e treinamento na área de cibersegurança, mostra a falta de capacitação que existe no mercado, e reforça a necessidade do foco em educação em segurança cibernética para auxiliar as empresas no processo de digitalização.

Diante dos desafios que estamos enfrentando atualmente, acelerar a transformação digital de maneira direta e em áreas que possam fazer uma diferença no curto prazo, será um ponto crucial para medirmos o sucesso desta iniciativa. As ações imediatas da Cisco em resposta à COVID-19, como a disponibilização de tecnologia de videoconferência para atendimento médico e para sessões nos tribunais de justiça, são bons exemplos de que o programa já está tendo um impacto positivo na aceleração digital do país. Em suma, a digitalização nada mais é do que um componente chave para fomentar a inovação no Brasil, transformar a educação, e com isso, desenvolver novos talentos para uma era digital. E é examente esta nova geração de talentos, preparados para adotar uma nova realidade digital, o maior legado deste programa.

Autor: Marcelo Kawanami, Regional Head of Consulting, Americas

Marcelo é atualmente o Regional Head para Consultoria na GlobalData, empresa global de análise de mercado para o setor de TI e telecomunicações. Baseado em Boston, Marcelo é responsável na cobertura e publicação de estudos e prognósticos de mercado com foco em segurança, cloud computing, IoT e analytics.